Prevenção de acidentes é prioridade no setor de óleo e gás natural no Brasil

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ATUALIZADO EM outubro 2019

Acidentes como os de Macondo, no Golfo do México, em 2010, e da refinaria da Pemex, em Reynosa, em 2012, são cases utilizados pelo setor de óleo e gás para mostrar que o aprimoramento da gestão de segurança deve ser permanente, assim como as discussões sobre o tema. É fato que a taxa de acidentes em processos de refino do petróleo e de gás natural, e em plantas petroquímicas diminuiu. Ainda assim, o setor mantém em pauta a necessidade de conhecer cada vez mais seus riscos e vulnerabilidades. Prevenir para não ter de remediar de forma amarga ainda é o melhor caminho.

“Na medida em que o tempo passa, há o costume com o risco. E é neste momento em que o acidente acontece”, alerta o diretor-superintendente da Fundação Carlos Chagas (FCC), João Ricardo Lafraia. “Ausência de acidentes não significa segurança. O setor precisa estar preparado para reduzir riscos. A dinâmica da gestão de risco precisa ser mais bem compreendida”, explica.

Para o especialista em segurança de processo da Braskem, Sandro França, é preciso ter o conhecimento dos riscos e dos cenários para saber como geri-los desde o início. “É fundamental o aprendizado com os pequenos eventos, que muitas vezes podem ser menosprezados. Os quase acidentes podem indicar tendências ou falhas. É possível, tecnicamente, evitar algo que poderia acontecer no futuro. É uma vertente de evolução.”

Na visão do presidente da Associação Brasileira de Análise de Risco, Segurança de Processo e Confiabilidade (Abrisco), Luiz Oliveira, a criação da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), no final da década de 1990, foi um fator importante para a diminuição do número de acidentes. Ele ressalta, porém, que ainda há espaço para evoluir. “Melhoramos muito, mas temos espaço para fazer mais. Deve-se buscar segurança o tanto quanto seja possível. Os acidentes ocorridos nos mostram o tamanho do problema que temos nas mãos”, pontua.

Trabalhando o fator humano

Se as instalações precisam de atenção permanente, o fator humano é outro ponto sensível da gestão de segurança, na medida em que são pessoas que estão no centro do processo de exploração e produção do petróleo e gás. França, da Braskem, explica que as empresas precisam identificar corretamente possíveis causas humanas das falhas. Para ele, o desafio da confiabilidade humana existe e é necessário que as empresas encararem de frente este problema.

Já Lafraia, da FCC, acredita que o tema é complexo e que é preciso diversificar a abordagem em relação à confiabilidade do fator humano. “As empresas nuclear e de aviação, por exemplo, já entenderam que compreender o fator humano é fundamental. Isso é um problema de nível mundial”, justifica.

*Essa matéria foi produzida durante a Rio Oil & Gas 2018